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Abrir ou não abrir a creche?

A cidade do Rio de Janeiro vem sofrendo, nos últimos tempos, um aumento de confrontos armados e um agravamento da violência. Para os moradores das favelas e comunidades, têm sido rotina acordar assustados com o barulho de tiroteios e explosões. Esse também tem sido o dia-a-dia de crianças, educadoras e gestoras de creches conveniadas e comunitárias da Rocinha e do Cantagalo que participam do projeto De Mãos Dadas por Uma Creche de Qualidade, implementado pelo CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular.

Superando angústias e inseguranças, as gestoras das creches e profissionais têm demonstrado competência e coragem. Elas vêm compartilhando entre si estratégias diárias que facilitam a tomada de decisões em um contexto de violência que se assemelha, cada vez mais, a um campo de guerra.

Em sua oficina mensal de outubro, o projeto, que atua no fortalecimento do trabalho de sete creches da Rocinha e uma creche no Cantagalo, promoveu um “círculo de apoio” com as gestoras das creches. Trata-se de uma metodologia de escuta ativa, de troca e acolhimento dos sentimentos das participantes. Durante a atividade, as gestoras puderam expressar suas angústias, suas dúvidas e as estratégias que criaram para lidar com o cenário de violência em que as creches estão inseridas.

Todos os dias, as gestoras enfrentam o mesmo dilema: podemos abrir a creche, receber e cuidar de centenas de crianças – em um contexto de tiroteios e insegurança? O caminho que crianças, famílias e equipe percorrem até a creche pode ser feito em segurança?

Pensando em outras escolas que estão inseridas nesse mesmo contexto, compartilhamos algumas aprendizagens e reflexões produzidas pelas gestoras durante esse encontro. Elas listam práticas de suas rotinas, que as fortalecem na tomada da difícil decisão sobre o funcionamento das creches.

O que as gestoras das creches fazem para tomar uma decisão refletida:

– Acordar mais cedo todos os dias, para buscar notícias nas rádios, nos telejornais e sites sobre o que está acontecendo na comunidade – como uma operação policial ou do exército, por exemplo – ou algum outro fato que interfira diretamente na rotina dos territórios,
– Criar e utilizar grupos de WhatsApp para trocar informações com outras creches e saber se elas se sentem seguras para abrir.

– Estabelecer uma rotina de encontro e diálogo entre os próprios integrantes das equipes das creches (gestoras, professoras e auxiliares), para que possam expressar seus sentimentos, antes da chegada das crianças.

– Combinar com suas equipes o que fazer, um protocolo de ação, para momentos em que aconteçam tiroteios ou confrontos. Esses combinados incluem orientações para que os demais profissionais da creche mantenham a calma na condução das crianças, evitem locais abertos ou com janelas, e prefiram cômodos internos, o mais protegidos possível por paredes.

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