O que cabe a nós fazer?

Por Madza Ednir, consultora em Educação para a Cidadania Global do CECIP.

No dia 27 de março de 2023, uma professora morre, ao ser esfaqueada, na sala de aula, por um menino de 13 anos. No dia 5 de abril, um jovem de 25 anos pula o muro de uma creche e, armado com uma machadinha, ceifa a vida de quatro crianças de 5 a 7 anos e depois se entrega à polícia. Histórias de um profundo horror, que nos abalam os alicerces e que podemos enquadrar de distintas formas. Duas delas: 

1- Colocando o foco nos perpetradores. São monstros e devem ser exemplarmente punidos. 

2- Colocando o foco na segurança física das instituições onde o horror aconteceu . São insuficientemente protegidas. Há que equipá-las com câmeras, detectores de metais , cercá-las de policiais. 

Estas duas perspectivas nos colocam do lado de fora da situação e transferem a outros o poder de mudá-la. 

Ativistas e Ativadores de Histórias de paz e sustentabilidade, podem escolher outros enquadramentos. Por exemplo, colocando o foco na cultura de violência e descaso que produz tragédias como essas na qual todos estamos imersos. E agindo, em todos os espaços para criar uma cultura de paz e comunicação não violenta. Eliminando a violência, as falas cheias de julgamento, rancor e preconceito da nossa linguagem cotidiana. Escutando adolescentes e jovens e fazendo com que se sintam incluídos e possam protagonizar ações em prol da comunidade. Fortalecendo programas de esportes, arte e cultura na comunidade. Esvaziando programas televisivos como o BBB que enaltecem a agressão e a brutalidade. Responsabilizando a indústria de games onde ganha pontos quem matar mais. Articulando, nos territórios, ações de saúde, educação e assistência social. 

O CECIP, Centro de Criação de Imagem Popular, organização a que pertenço, vem trabalhando nesta direção desde 1986, em rede com centenas de outras organizações da sociedade civil. Por meio da Comunicação, da Educação, da Arte e da Tecnologia, contribuímos para o fortalecimento da cidadania e buscamos influenciar políticas públicas que promovam direitos da Humanidade e da Natureza. Assim, construímos agora as condições para que as histórias de ódio cessem e as histórias que buscam a paz , floresçam. 

Como diria Mary Alice Arthur, autora do livro “365(dias) VIVOS- Reivindique sua história. Encontre sua voz. Viva sua vida brilhante” , vivemos dentro das histórias de violência de nossa sociedade – e, por isso, podemos transformá-las. 

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