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Lavar palavras, experimentar sentidos

“A palavra que eu lavei foi a palavra sonhos. Quis limpar com essa água para que os sonhos sejam puros e cristalinos…Quando estamos com as comunidades que trabalhamos, diariamente, estamos aprendendo que os sonhos são muito importantes para a humanidade, na medida que vamos cultivando como uma semente em busca de uma transformação social, num trabalho  colaborativo e igualitário. Trabalhamos para que a inclusão social se faça como um motor, faça parte da nossa vida“, depoimento após a Lavação de palavras de Hernan, educador colombiano, que não enxerga com os olhos, mas costuma dizer que a vida lhe permitiu enxergar com a alma.

Um encontro para promover deslocamentos e vivências, assim foi a participação do MARTE Memória, Arte e Tecnologia – Núcleo de Estudos e Experimentações, do CECIP e a Kabum! Escola de Arte e Tecnologia, representados por Eliane Heeren, Luciana Perpétuo de Oliveira, Noale Toja e Soraia Melo, durante o VIII Simpósio de Lideres Culturais para o Desenvolvimento- Reflexões para um trabalho colaborativo, em Medellin, na Colômbia.

O Simpósio foi mais uma motivação para criarmos uma articulação com a cidade. Caminhos percorridos entre becos que nos levaram aos cantos do Rio e as margens e centros de Medellin.  As trocas e experimentações nos apresentaram realidades próximas e repletas da ânsia de rever o sentido gerado, o sentido acolhido.

O espaço colaborativo do Platohedro de criação e residências artísticas foi o primeiro a nos receber. Nos cederam palavras e compartilharam experiências sobre a relação com o trabalho colaborativo, com a cidade e com cada um de nós.

Em uma tarde seca e quente, de uma Medellin que há três meses aguardava chuva, molhamos as mãos em bacias com água e sabão para lavar retalhos escritos com palavras escolhidas a partir de um poético convite do texto de Viviane Mosé, “Receita para lavar palavra suja”.

O resultado foram palavras como transparência, confianza, formacion, utilidade, miedo, colaborativo, control, morir e feminidad. Uma reflexão profunda sobre os usos das palavras no cotidiano, os sentidos e os desejos de conviver com elas.

A experiência no Platohedro, com 10 pessoas foi uma prévia para a Lavação das Palavras no segundo dia de Simpósio. Cerca de 60 pessoas, muitos homens, jovens e idosos, alguns acompanhados em uma cadeira de roda, outro por não poder enxergar, não deixaram de sujar as mãos com giz ou molhá-las com água, sabão e o desejo de fazer limpa uma palavra que lhes parecia suja, incômoda ou apenas despertava curiosidade de vê-la com outra cor, de outra forma.

Como experimentação artística lavamos as palavras, ressignificando os conceitos gastos pelo tempo, expressões contidas, reprimidas desveladas em movimentos performáticos, por isso a a lavação das palavras foi a primeira de muitas outras ações artísticas propostas pelo MARTE, do CECIP, em buscar de ampliar diálogos, experimentar outros sentidos.

Texto: Soraia Melo

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