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Eduardo Coutinho: uma década de saudade do amigo e cineasta

Por Claudius Ceccon

Há um pouco mais de quarenta anos, conheci Coutinho na Mapa Filmes. Zelito Viana me levou à moviola, onde eu vi algumas sequencias do Cabra Marcado na telinha, sem som, e não sei o que aconteceu, mas eu fiquei muito emocionado. Poucos dias depois, levei um amigo, que estava de passagem, para ver algumas cenas do Cabra. Charles Harper, do Departamento de Direitos Humanos para a América Latina do Conselho Mundial de Igrejas, ficou igualmente impressionado e, na volta para Genebra, garantiu a verba que faltava para sonorizar o documentário.

Cabra Marcado contou com a colaboração voluntária de muita gente, mas não chegaria a ser o que é, sem a teimosa persistência, o talento e a visão do Coutinho. A história de Pedro Teixeira, líder camponês assassinado pela ditadura, de seus companheiros e de Elizabeth Teixeira e sua família compõem o mais extraordinário documentário que é aclamado mundialmente.


Pouco tempo depois, Coutinho participou ativamente da criação do CECIP. Foi um privilégio conviver com ele todos aqueles anos. No CECIP Coutinho pode fazer experiências que fazem parte de sua história e da nossa, aperfeiçoando um estilo que o levou de volta ao cinema, com Santo Forte e com Babilônia 2000, abrindo caminho para toda a filmografia que se seguiu com a Video Filmes de João Moreira Salles. Mesmo durante esse último período de trabalho profissional, era no CECIP que Coutinho vinha diariamente, enchendo cinzeiros e recebendo as pessoas que queriam falar com ele.


Quando mudamos de sede, o projeto do novo CECIP tinha a sala especial para o Coutinho: perto da entrada, uma janela para dispersar a fumaça, estantes e arquivos onde ele poderia guardar seus cadernos, seus livros, seus DVDs preferidos. Quis o destino que ele não pudesse usufruir o que lhe era destinado. Mas a sala ficou: ela é “a sala do Coutinho”, com sua foto, segurando o indefectível cigarro nos dedos.


Todos os que o conhecemos sentimos saudade dele: do seu humor, do seu pessimismo que disfarçava uma enorme esperança no povo brasileiro. Dez anos sem Coutinho, nosso fundador, nosso presidente – uma presença constantemente lembrada.

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