Eles têm entre 17 e 23 anos, estudam ou estudaram em escolas públicas e moram em diversos pontos do Rio de Janeiro – a maior parte em favelas e bairros periféricos. Na exposição Cabimento, os jovens formandos da segunda turma da Oi Kabum! (2011-2013) apresentam uma amostra de seu aprendizado nas áreas de Fotografia, Vídeo, Design Gráfico e Computação Gráfica.
Os preconceitos que ainda envolvem a favela e o funk são postos à prova na dança do Passinho. Uma série de vinhetas gráficas animadas revela a riqueza de influências rítmicas e coreográficas escondidas sob o aparente improviso dos dançarinos. De Michael Jackson aos mestres-sala, passando pela dança russa, o balé e passos quase desconhecidos como os do coco de zambê, os jovens da Oi Kabum! realizam uma radiografia inédita e original desse fenômeno popular.
As temáticas urbanas têm forte presença na exposição, sob abordagens diversas. Rotineiros, os longos trajetos e engarrafamentos dentro do ônibus resultaram na série fotográfica Olhar passageiro. A sedução libertária do grafite transformou-se em projeto educativo no projeto ArteManha, que ensina arte e reciclagem para crianças e foi um dos representantes brasileiros na mostra “Ação Jovem na Arte Urbana Carioca”, ocorrida em dezembro em Nova York.
A bicicleta é personagem das fotografias da Corrente Urbana, enquanto a filosofia das frases escritas nos muros públicos estampa peças de vestuário na coleção Arruá. Novos cartões postais da favela — em obras imponentes como o teleférico e a Praça do Conhecimento — alternam-se com a visão de quem vive lá, na potência poética de paisagens, escadas, vielas e personagens locais — temas da série de fotos Riquezas do Alemão.
Cinco curta-metragens em vídeo espalham a diversidade de interesses e linguagens dessa geração. Felicity Game Fiction inspira-se na estética do videogame numa crítica bem-humorada ao mundo nerd. Betão mistura ficção com programa jornalístico tendo como protagonista um “mendigo profissional”. O monstro da baba utiliza recursos de stop motion, inserções gráficas e mashupsde filmes antigos em uma reflexão que contrapõe a fantasia infantil à alienação adulta. Em Mundo Grande, uma lírica homenagem aos versos de Drummond (narrador e “personagem” em forma de estátua), entremeados a dramas cotidianos cariocas. E no documentário Cinema novo (de novo) os jovens entrevistam uma nova geração de cineastas responsável por filmes que desmitificam a favela e o mundo popular.
As transformações urbanas do Rio estariam gerando novas estéticas artísticas? A resposta pode estar entre as 22 obras que compõem a exposição Cabimento.
debate: Outros cabimentos
Na abertura da exposição, às 19h, o debate Outros cabimentos trata de inovações em design, fotografia e audiovisual, com a participação dos especialistas Batman Zavareze, Liana Brazil, Julia Levy e Patrícia Gouvêa, no Teatro do Oi Futuro Ipanema. Batman é designer, artista multimídia e curador do Festival Multiplicidade Imagem_Som_ inusitados; Liana Brasil é sócia e diretora de arte da Superurber, misto de agência criativa, laboratório de tecnologia e estúdio de arquitetura que cria projetos multimídia e interativos para cultura, educação, entretenimento e propaganda; Julia Levy é superintendente do Audiovisual da Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro e coordenadora acadêmica da área de gestão de projetos e entretenimento da FGV; Patrícia Gouvêa é fotógrafa, criadora e diretora do Ateliê da Imagem e Mestre em Tecnologias da Comunicação e Estéticas da Imagem pela ECO/UFRJ. Visite o site da exposição!
Visite o site da exposição Cabimento