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Vozes da Cozinha: Festival de Cinema fecha ciclo de experiências

O Festival audiovisual do Vozes da Cozinha: sabores, saberes e memórias na Rocinha reuniu ontem participantes, professores, amigos e familiares na Biblioteca Parque da Rocinha. Foi uma noite com alegria contagiante partilhada por quem viveu e ajudou a realizar este projeto, que, por três meses, encheu a rotina de temperos especiais da vida: histórias emocionantes, aprendizado mútuo, afeto e memória. Tudo isso registrado em oficinas realizadas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do Centro Municipal de Cidadania Rinaldo De Lamare e no Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (NEJA) do Ciep Ayrton Senna.

Diante do telão do auditório da Biblioteca Parque, a plateia reviveu os momentos assistindo aos curtas e minidocs. Luiza Pereira de França, de 81 anos, participante das oficinas no Centro Rinaldo De Lamare, estava orgulhosa com a exibição. Em um dos encontros, ela fez um cuscuz que a fez lembrar suas raízes em Itabaiana, município da Paraíba. Desde que se mudou para o Rio de Janeiro, ela conserva o hábito de ter como primeira refeição do dia, inhame ou cuscuz, comuns no Nordeste e considerados “fits” no Sudeste.

“Aqui no Rio e em São Paulo, é o pão. Hoje em dia se fala dos males da farinha branca. Na Paraíba, o povo trabalhador se abastecia de força e saúde com um cuscuz com carne de manhã, inhame. Nas oficinas, eu pude lembrar dessas diferenças entre o lugar que eu vivia e o lugar que eu vivo hoje”, disse Luiza.

Para a coordenadora do Ciep Ayrton Senna Márcia Anchieta, o envolvimento e parceria foram destaques da iniciativa, motivos que devem ser celebrados em espaços voltados para a construção do conhecimento.

“É um momento muito emocionante pra mim. Primeiro porque a gente sonha muito sozinho dentro de uma escola e quando chega alguém que apoia, que chega junto é muito bom mesmo. Eu penso que a escola tem o privilégio de trabalhar o conhecimento, mas o conhecimento não está restrito à escola. Pelo contrário. Todo mundo é convidado a construir. Vocês foram ótimos professores. Aprendemos muito com vocês. Que bom ter parceiros assim que acreditam em trabalhar com a gente”, disse a coordenadora, dirigindo-se à equipe do Vozes.

O CECIP Centro de Criação de Imagem Popular foi apresentado pela coordenadora de projetos, Gianne Neves. Ela lembrou a TV Maxambomba, TV de rua que mobilizou os moradores da Baixada Fluminense na década de 80, traçando um paralelo entre a missão do CECIP no passado e no presente.

“O Vozes tem muito a ver com o CECIP pois traz essa metodologia que a gente vem desenvolvendo há todos esses anos. Vocês podem perguntar: É uma metodologia de fazer vídeo? Eu respondo: é mais do que fazer vídeo porque a gente entende que o processo de produção audiovisual nos ajuda a trocar ideias, produzir conhecimento de forma coletiva, nos ajuda a olhar para a nossa realidade e identidade. Nos ajuda a refletir sobre o que estamos vivendo e quem sabe pensar em alternativas para as questões que nos afligem no dia a dia. É um espaço de conversa, de diálogo e escuta”, explicou Gianne.

No evento, estava presente a equipe que compôs o projeto: Gianne, Luciana Perpétuo, Silvia Fittipaldi, Daniela Tafuri, Iuri Rodrigues, Marcos Braz, Michele Macedo e Clara Nascimento, além do historiador e idealizador do Museu Sankofa, Antônio Firmino. Na ocasião, ele destacou a importância do acervo para a resistência e memória cultural na Rocinha, relembrando também ações históricas e atuais em parceria com o CECIP. Todas em prol da defesa e garantia da cidadania, da participação, da primeira infância e dos direitos humanos dos moradores.

Após a exibição dos filmes, foi apresentado o livro de receitas produzido pelos alunos do Ciep e lançado o podcast do Vozes no Spotify. O projeto Vozes da Cozinha: sabores, saberes e memória na Rocinha foi realizado graças a um edital lançado no ano passado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

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