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Tecendo histórias na Rocinha: Balaio em festa na Biblioteca


O encontro do “Tecendo Histórias na Rocinha”, realizado na Biblioteca Parque, no último sábado (30), reuniu crianças, famílias, profissionais  e lideranças da comunidade numa festa linda regada a literatura, histórias, afetos e cultura popular. 

O projeto Balaio de Livros: Tecendo História na Rocinha, realizado pelo CECIP, é uma das iniciativas contempladas via edital da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) que celebra o título do Rio de Janeiro como Capital Mundial do Livro, concedido pela Unesco.

A programação foi aberta pelas boas-vindas de Creuza Barbosa Drag, personagem interpretada por Jal, ator e funcionário da Biblioteca, responsável pelos livros. Logo depois, a arte-educadora Silvia Ferraz, do Instituto de Arte Tear, envolveu os pequenos e seus familiares na atividade “Baú que Conta e Canta!”: de dentro do baú, tirou histórias e brincadeiras, músicas e contos populares. O clima de acolhimento motivou a participação intensa de crianças e adultos, que se transformaram em bichos da floresta, deram as mãos em cantigas de roda e entoaram versos de músicas infantis africanas. 

As irmãs Jamille Medeiros, de 11 anos, e Maria Cecília Medeiros, de 9 anos, adoraram a contação de histórias. Ao serem questionadas sobre a parte mais legal, a resposta foi espontânea: “Tudo!”. Elas participaram das brincadeiras e encontraram colegas da rua e da escola nas salas e  corredores.

Maria Helena Carneiro, diretora do Centro Municipal de Saúde (CMS) Albert Sabin, foi uma das lideranças presentes no encontro. Para ela, a ocupação de um espaço público como a Biblioteca Parque da Rocinha com eventos culturais pode fortalecer a intersetorialidade na garantia dos direitos das crianças. “Não vejo nenhuma mudança acontecendo no meu país se não for por meio da educação. Neste projeto que chega através do CECIP, uma organização que é parceira da Rocinha há muitos anos, as crianças têm a oportunidade de ter um um contato direto com o universo da literatura. Nós, da área da saúde, abraçamos essa ideia. Podemos avançar nossa escuta usando as histórias, podemos investir numa espera por atendimento com literatura. Vamos sintonizando o repertório do projeto com a nossa realidade”, celebrou.

Para os adultos, o evento promoveu uma conversa com a escritora e poetisa Lindacy Menezes, moradora da Rocinha e autora do livro Destino desviado. Lindacy compartilhou suas vivências e memórias transformadas em literatura. Na conversa, mediada pela consultora pedagógica do CECIP, Maria Lúcia Lara, a escritora revelou que tinha o hábito de registrar em diários reflexões sobre sua jornada: a infância difícil, sua chegada à Rocinha, percalços amorosos e muitas batalhas travadas para construir sua independência com prazer e aprendizados constantes. Ao ver na TV o anúncio de uma seleção de escritores para a Feira Literária das Periferias, Lindacy pediu ajuda à filha para se inscrever, e para sua surpresa foi chamada, começando seus primeiros passos como escritora. “Para anunciar os selecionados foi realizado um evento com todos que se inscreveram. Eu, na plateia, não entendia nada o que estavam falando, mas já tava feito. Eu já tinha feito a inscrição e aguardei o resultado. Quando anunciaram meu nome como um dos selecionados, pensei: ‘Será que o que escrevo, que é errado, está certo?’. E foi assim. De lá pra cá, não parei mais. Sempre encontrando no meu caminho pessoas como anjos que me abriam e abrem as portas”, compartilhou. 

Na plateia, um público atento e comovido. Muitos da comunidade conhecem Lindacy, mas a conversa foi uma oportunidade para ela reviver memórias e sentimentos com riqueza de detalhes, contando como o caminho pela literatura deu novos sentidos à sua vida. 

Para fechar a programação, foi formada uma grande roda  intergeracional com crianças, adultos e idosos: moradores da Rocinha, profissionais, educadores, artistas e escritores abraçaram Lindacy ao som do carimbó. Com uma saia rodada de chita, ela dançou com o público e mostrou que seu talento vai muito além das artes literárias. E assim se encerrou a manhã de sábado: um “Balaio” de gente comprida e gente miúda, tecendo livros, histórias, dança, música e celebração coletiva.  

Saiba mais

O projeto “Balaio de Livros: Tecendo Histórias na Rocinha” integra a programação oficial do Rio Capital Mundial do Livro, título concedido pela Unesco, promovendo uma abordagem intersetorial na formação de profissionais das secretarias municipais de Cultura, Educação, Saúde e Assistência Social, todos com atuação direta na Rocinha. A proposta é fomentar o acesso à literatura desde a primeira infância, valorizando as identidades culturais e o pertencimento comunitário. 

A partir da literatura infantil, o projeto propicia reflexões sobre temas como diversidade, educação antirracista e questões de gênero. A ação visa qualificar profissionais para que promovam uma mediação literária comprometida com a comunidade, ampliando o repertório das relações com o livro e a leitura.

Inspirado em edições anteriores do “Balaio de Livros”, realizadas entre 2019 e 2022, o projeto pretende contribuir para o fortalecimento  de vínculos entre os equipamentos culturais e a comunidade, com especial atenção à primeira infância.

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