O Plano Integrado de Saúde nas Favelas, criado em 2020 para proteger moradores de favelas da Covid-19 durante a pandemia, completou 5 anos no último mês. E, para marcar a data, diversos representantes de instituições parceiras e de projetos contemplados pelos editais se reuniram na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) em um seminário que relembrou desafios e conquistas. Fruto da parceria entre Fiocruz, Alerj, instituições de pesquisa e universidades, o Plano reconheceu a urgência de promover a saúde integral em territórios populares, num contexto de colapso do sistema de saúde e negacionismo institucional.
Ao longo desses cinco anos, o Plano impulsionou 146 iniciativas essenciais para o enfrentamento das desigualdades em saúde em favelas do Rio de Janeiro, especialmente no contexto da pandemia de COVID-19. Mais do que ações emergenciais, foram plantadas sementes de transformação permanente. Entre as iniciativas contempladas, o CECIP Centro de Criação de Imagem Popular esteve envolvido em dois projetos que fazem parte do Plano: o Rocinha pela Vida e Jovens Repórteres da Rocinha.Duas experiências distintas, mas que compartilham o mesmo princípio: fortalecer a saúde nas favelas por meio da educação, da memória, da comunicação e da escuta dos territórios.
“O Plano Integrado de Saúde nas Favelas é uma conquista histórica, porque reconhece o que os moradores já sabem e realizam: promoção de saúde se faz com escuta, afeto, dignidade, participação e respeito aos saberes dos territórios. Para o CECIP, fazer parte dessa caminhada é motivo de orgulho e compromisso renovado. Os projetos realizados com apoio do Plano mostram que, mesmo diante de tantas adversidades, a favela resiste, cria, cuida e transforma”, afirma a coordenadora de projetos do CECIP, Gianne Neves.
Rocinha pela Vida: memória, comunicação e mobilização
Nascido como resposta direta aos desafios impostos pela pandemia, o Rocinha pela Vida foi um projeto de comunicação comunitária e articulação em rede que enfrentou a desinformação com linguagem acessível e estratégias criativas. Com conteúdos produzidos em parceria com lideranças locais, o projeto reuniu e disseminou informações sobre prevenção, cuidados e vacinação para dentro da favela, considerando a memória de luta dos moradores da Rocinha por saúde, respeitando saberes populares e promovendo o autocuidado coletivo. A iniciativa mobilizou moradores, profissionais de saúde e comunicadores populares, fortalecendo laços comunitários e criando caminhos duradouros de diálogo com o SUS. Neste projeto, o CECIP foi parceiro técnico e a coordenação/realização foi da equipe do Museu Sankofa.
Saiba mais em: https://cecip.org.br/nossos-projetos/abertos-para-parceria/rocinha-pela-vida/
Jovens Repórteres da Rocinha: comunicação comunitária com enfoque em saúde
Formar juventudes para contar suas próprias histórias é também uma ação em saúde. O projeto Jovens Repórteres da Rocinha forma adolescentes e jovens para atuarem como comunicadores populares, com foco na defesa de direitos e promoção da cidadania. Através de oficinas de comunicação comunitária, coberturas audiovisuais e produção de conteúdos para redes sociais, os jovens constroem narrativas que valorizam a vida na favela, desconstruindo estigmas. Ao ocuparem o lugar de protagonistas, esses jovens fortalecem sua identidade e autoestima e ampliam o acesso da comunidade a informações confiáveis e relevantes para a saúde coletiva.
Em sua última edição, estudantes do Ciep Ayrton Senna produziram o curta “Uma História de Lindacy”, selecionado para o Programa Geração, do Festival do Rio. Além disso, os estudantes, junto com professores e a equipe do CECIP, criaram uma TV comunitária no Ciep.
Em junho, estes jovens que passaram por essa formação atuarão como monitores num projeto de comunicação, em parceria com o Instituto Promundo, para a produção de podcasts que abordam masculinidades e paternidades saudáveis.
Saiba mais sobre o projeto: https://cecip.org.br/nossos-projetos/projetos-atuais/jovens-reporteres-de-bairro/
https://www.instagram.com/reporteresdebairro
Celebrar cinco anos deste Plano, é reafirmar que a participação social na elaboração e implementação de políticas públicas de saúde é um direito. E o caminho já está sendo traçado. Avante!