O 26 de junho, Dia Nacional pela Educação Sem Violência, foi marcado por um encontro cheio de cultura, arte e atividades que ressaltaram o direito das crianças e adolescentes à proteção. Promovido pela Rede Não Bata Eduque, em parceria com o CECIP, o evento reuniu mais de 130 pessoas, entre educadores, crianças, grupos e coletivos, no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, no Centro do Rio.
Na ocasião foi apresentada a campanha “O que digo importa – Prevenção da violência sexual contra crianças e adolescentes”, que lança luz para os 11 anos da Lei Menino Bernardo, reforçando a importância de escutar e proteger as crianças. Durante a programação foi lançado também o programa internacional “Participa!”, que reúne atividades com metodologias participativas de uma rede de instituições de diversos países latino-americanos, numa página online e de acesso gratuito (www.cecip.org.br/participa). As 4 etapas do “Participa!” (Vem, Dialoga, Organiza e Semeia) foram apresentadas para o público em estações montadas no pátio externo do Calouste. Em cada estação, um facilitador promoveu atvidades para estimular a participação e a reflexão sobre a escuta e prevenção de violência sexual contra crianças e adolescentes, a partir de um recorte racial e de gênero.
Além dessas atividades, espaços de leitura e materiais para colorir foram colocados à disposição da criançada, e o público pôde conferir o trabalho de artesanato do coletivo Mães de Santa. Maria José Cunha, 62 anos, é aposentada e frequenta as aulas de marcenaria do Calouste. Ela conta que, ao ver a divulgação do evento, se atentou para o nome da Rede por se considerar uma defensora da educação com respeito aos pequenos e, por isso, fez questão de marcar presença para “aumentar o barulho” . “Lá atrás, quando a sociedade ainda não pensava muito sobre isso e não olhava a criança como um sujeito de direitos, eu já era uma oponente a essa opressão contra as crianças, porque não podemos chamar de educação uma relação de superioridade, que usa de atos violentos para impor respeito. Isso deixa marcas no corpo e na mente. Eu tenho essas marcas”, revelou.
Na abertura do evento, Soraia Melo, coordenadora da Rede Não Bata Eduque, destacou a importância de um olhar atento para as infâncias, com adoção de medidas preventivas de violências, como diálogo e cuidado, sobretudo com a exposição dos pequenos na internet. Em seguida, a gerente de projetos do CECIP, Gianne Neves, explicou como a escuta ativa, preconizada pelo educador Paulo Freire, é um dos pilares nos eixos de atuação do CECIP, destacando a missão da organização à frente da Secretaria Executiva da Rede.
Após os pronunciamentos e das oficinas de participação, cores e ritmos tomaram conta do “terreirinho” do Calouste: o público relembrou os passinhos do baile charme e conheceu os movimentos do break sob a condução do produtor e educador Lúcio Pedra . Depois, o Carimbaby Trio colocou todo mundo para dançar ao som contagiante do carimbó — crianças, adultos e idosos dançaram no embalo dos instrumentos percussivos, formando uma grande ciranda. Para finalizar, o grupo Reisados da Paz, do Morro da Formiga, na Tijuca, apresentou a tradição da folia de reis mostrando toda a beleza dessa forma de resistência da cultura popular.
O Dia Nacional Pela Educação Sem Violência foi fechado com chave de ouro, cheio de alegria e significado. Agora, seguem os 16 Dias de Ativismo pelo Fim dos Castigos Físicos e Psicológicos contra Crianças e Adolescentes, com uma agenda de atividades construída coletivamente com parceiras e parceiros de diversos locais do Brasil. Acesse o link para saber mais:https://naobataeduque.org.br/participe-o-que-digo-importa-e-tema-da-campanha-26-de-junho-dia-nacional-pela-educacao-sem-violencia/