O projeto Jovens Repórteres da Rocinha, uma iniciativa do CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular, entra em nova fase, abordando um universo muito importante e pouco explorado: as masculinidades e paternidades saudáveis.
Um grupo de estudantes do CIEP Ayrton Senna, na Rocinha, vem sendo formado em técnicas de comunicação comunitária desde 2023 para fomentar o debate crítico acerca de temas de interesse local, em linguagem audiovisual. Desde então se dedicaram a produzir vídeos sobre questões de saúde e a desinformação disseminada pelas redes sociais. Este ano, graças a uma parceria com o Instituto Promundo financiada pela Fundação Chanel, os jovens repórteres dedicam-se a investigar os impactos do machismo tanto na vida das mulheres quanto na dos próprios homens, repensando os papéis de cuidado em nossa sociedade. O resultado será veiculado em formato de podcast, em programas que terão como eixo transversal a questão da desigualdade racial.
Na primeira edição do projeto, os jovens emplacaram o minidocumentário “Uma História de Lindacy” na 26ª edição do Festival do Rio (2024), no Vídeo Fórum do Programa Geração, voltado para produções realizadas em ambientes escolares. Agora, com o apoio de especialistas sobre masculinidade do Instituto Promundo e parcerias com meios de comunicação locais, o grupo pretende promover ainda mais engajamento comunitário em torno do debate sobre masculinidades e paternidades.
Resgatar o cuidado, romper com o silêncio
O Brasil enfrenta desafios históricos no campo da paternidade: segundo dados do CNJ, mais de 5,5 milhões de crianças no país não têm o nome do pai no registro. Além disso, estudos apontam que homens criados sob padrões rígidos de masculinidade tendem a negligenciar o autocuidado, a saúde mental e física — o que está diretamente relacionado a comportamentos de risco e, em casos extremos, à violência, inclusive a autoinfligida: no Brasil, homens enfrentam um risco 3,8 vezes maior de morte por suicídio do que mulheres.
A produção do conteúdo e sua divulgação pretendem trazer à tona a importância de uma paternidade presente e afetiva, como forma de redução de danos sociais e desigualdades históricas.




































